Em mais um episódio digno de uma série de comédia política, a Câmara de Vereadores de Eunápolis decidiu, em sessão secreta — porque, claro, o povo adora ser excluído —, conceder o título de cidadão eunapolitano ao governador Jerônimo Rodrigues.
Sim, você não leu errado. O mesmo governador que esteve em Eunápolis uma vez (e olha lá), que cancelou a presença no aniversário da cidade sem nem mandar um cartão, e que jamais anunciou um centavo de investimento estrutural, agora é oficialmente um “filho da terra”. Parabéns, governador! Só faltou vir buscar a honraria — se não chover ou se não tiver outra viagem internacional, é claro.
A sessão, feita no gabinete da presidência, longe das câmeras, do plenário e da vergonha alheia, contou com 13 votos favoráveis. Um feito! Não por mérito do homenageado, mas pela criatividade dos nobres edis em reinventar a arte de parecerem ocupados.
Enquanto a cidade enfrenta uma crise na educação, insegurança crescente e ruas que dariam inveja a crateras lunares, os vereadores decidiram que a prioridade é dar medalha de participação para quem nem se inscreveu no jogo. Vai ver estavam entediados. Ou acabaram o café e resolveram votar qualquer coisa para passar o tempo.
E assim seguimos: com títulos entregues como quem distribui folhetos de pizzaria, vereadores agindo como fãs-clube secreto e a população assistindo — sem convite — a mais uma peça teatral sem roteiro, sem aplauso e, principalmente, sem noção.
A pergunta que fica é: o próximo título vai pra quem? Pro Wi-Fi da Câmara, que trabalha mais que os homenageados? Ou pro guarda do portão, que ao menos está sempre lá?
Especialistas em nada dizem que os vereadores estão considerando outras homenagens futuras, como:
Medalha de Honra ao Mérito para o GPS que trouxe Jerônimo uma vez à cidade;
Troféu Cidadania para o cone de trânsito mais antigo da Avenida Porto Seguro;
Diploma de Participação para os contribuintes que ainda acreditam que transparência pública existe.
Enquanto isso, Eunápolis segue sem investimentos estaduais, mas agora com um novo “filho adotivo” que talvez nem saiba onde fica a Câmara que o homenageou. Mas tudo bem, o importante é a intenção — e o cafezinho depois da votação.
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