Após um mês de interdição da ponte sobre o Rio Jequitinhonha, em Itapebi, no Extremo Sul da Bahia, o governo federal enfim admite a possibilidade de uma solução provisória: permitir a travessia de veículos leves, desde que sob vigilância da Polícia Federal e da Polícia Militar. A decisão deve ser confirmada nesta quinta-feira (5), durante encontro entre o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o governador Jerônimo Rodrigues.
A medida, anunciada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, em entrevista à TV Bahia, soa como um alívio para os moradores da região — mas também escancara a lentidão do poder público em responder a uma emergência que já vem causando prejuízos econômicos, isolamento social e indignação generalizada.
Permitir o tráfego de carros pequenos com fiscalização ostensiva é, no máximo, um “remendo técnico” diante de uma crise de infraestrutura que já deveria ter sido enfrentada com muito mais celeridade e transparência. A ponte da BR-101 é um eixo vital para o transporte de mercadorias, escoamento agrícola e mobilidade de milhares de baianos. Sua interdição escancarou a vulnerabilidade da malha viária federal no estado e a falta de um plano de contingência digno.
É inaceitável que, em pleno século XXI, uma região inteira tenha de esperar semanas por uma medida emergencial para garantir o mínimo de mobilidade. E mais preocupante ainda é depender da promessa de uma nova ponte “em até 12 meses”, via contrato emergencial. A população já aprendeu — muitas vezes da pior forma — que entre a assinatura de um contrato e a entrega de uma obra há um fosso profundo de burocracia, atrasos e omissões.
O que está em jogo não é apenas uma ponte interditada, mas o reflexo de uma política cronicamente negligente em relação ao interior do estado. A pergunta que ecoa entre moradores, motoristas, comerciantes e estudantes é: por que só agora?
A solução técnica, ainda que válida e necessária, não pode servir de cortina de fumaça para um problema estrutural. O Extremo Sul da Bahia precisa de mais do que promessas: precisa de planejamento, investimento constante em infraestrutura e respeito por parte das autoridades que, até aqui, chegaram tarde demais.
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